quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Opinião - Pedro Abranches Vasconcelos

Partilhamos todos nós, Arquitectos, quando pagamos cotas (ou quotas) um pouco da riqueza que produzimos com a "nossa" Ordem.

É uma partilha forçada, obigatória, da qual depende o exercício da nossa profissão.

A Ordem fica assim mais rica meio milhão de contos (2.500.000,00 euros na moeda nova) por cada ano que passa.

É imenso dinheiro – são 20 Porsches – e é muito pouco o que, à troca, recebemos.

Duvido muito que algum de nós, Arquitecto, que vive da sua profissão, considere bem empregue este dinheiro.

No recente debate que houve no Porto coloquei apenas uma questão – seria assim tão grave para os Arquitectos o desaparecimento da sua Ordem?

Colocada esta questão a referendo interno, tenho poucas dúvidas sobre qual seria a resposta.

Esgotado o actual modelo de gestão da Ordem penso existirem só 2 saídas:

- tornar a ordem numa sociedade recreativa limitada à organização de festas, preferencialmente em horário pós-laboral (20 Porsches serão mais do que suficientes para isto);

- tornar a ordem numa organização dedicada apenas ao apoio à actividade profissional dos seus membros (não seriam precisos, com certeza, mais do
que 10 Porsches).

Antes de pensar em percorrer o primeiro caminho (por mais tentador que possa ser) preferiria experimentar o segundo.

Não me parece difícil que o possamos fazer, pondo a Ordem a fazer apenas aquilo que cada um dos seus membros não consegue fazer sózinho.

Impugnar concursos públicos ou adjudicações directas ilegais é apenas um dos exemplos do que a Ordem pode (deve) fazer e nunca fez.

Há quem se esqueça que a Ordem se chama "dos Arquitectos" e não "da Arquitectura".

Sei que o Manuel Vicente, que tal como eu prefere beber água directamente pela garrafa dispensando o copo, não se esquecerá nunca disto.

O Manuel é um pouco como a teca: dispensa verniz - material que, como vimos no debate do Porto, estala com facilidade.

Prefiro a sua "elegância" à "beleza", que alguns dizem acreditar poder mover o mundo.



Pedro Abranches Vasconcelos
(candidato a vogal no Conselho Directivo Nacional)

2 comentários:

Pedro Homem de Gouveia disse...

Grande Pedro.

Falas em 20 Porches?

Imagino que 18 deles estejam permanentemente estacionados em Lisboa...!

AM disse...

eh, eh, eh

e que gancho, essa in-directa a terminar...